Brasil está longe de despertar interesse internacional, alerta diretor do Dieese

Bolsonaro diz que o Brasil seria um dos melhores destinos para investimentos estrangeiros, mas país deve crescer abaixo da média mundial


quinta-feira setembro 23, 2021

Em discurso na abertura da 76ª Assembleia Geral da ONU, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que está resgatando a credibilidade do Brasil no exterior. Os dados da realidade, no entanto, desmentem essa afirmação. De acordo com relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a economia brasileira deve crescer 5,2% em 2021, abaixo da previsão de crescimento do PIB mundial, que é de 5,7%.

Ainda assim, para o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, essas previsões da OCDE para o Brasil estão defasadas. O boletim Focus divulgado pelo Banco Central (BC) nesta semana indica crescimento de 5,04% em 2021. Para o ano que vem, as estimativas de acrescimento do PIB foram reduzidas de 1,72% para 1,63%.

Fausto diz que falta ao Brasil um plano estratégico para a retomada da economia. E as tensões criadas pelo governo Bolsonaro, que ataca a Constituição e a própria democracia, acabam afastando investidores estrangeiros.

“O Brasil está longe de despertar interesse internacional”, disse Fausto, em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (22). “Quem investe quer retorno com o mínimo de risco possível. E o Brasil está longe ser um país de baixo risco. Ao contrário, esse risco está cada vez maior”, acrescentou.

Investimentos
Bolsonaro também afirmou que o Brasil seria hoje um dos melhores destinos para os investimentos estrangeiros. Os números, mais uma vez, contrariam a versão apresentada pelo presidente. O país despencou da 6ª para a 11ª posição no ranking da ONU dos locais que mais receberam recursos externos em 2020. Esses fluxos de investimento se reduziram para patamares de 20 anos atrás. E a previsão é que só haverá recuperação a partir de 2023.

“O governo não dá nenhum tipo de segurança, nem no curto nem no longo prazo, uma vez que não apresenta claramente as diretrizes da sua política econômica. Nem diz qual a sua proposta de investimento. Além de tudo, gosta de criar confusão com parceiros importantes, como a China e os Estados Unidos”, destacou Fausto.

Colaboram ainda para a falta de interesse do investidor estrangeiro os recordes de desemprego no Brasil, o que reduz o mercado interno. Sobram apenas eventuais privatizações de empresas estatais e demais ativos públicos, naquilo que Fausto classificou como “entrega” do patrimônio nacional. (Fonte: RBA)