Sérgio Rosa mostra como privatização destruiria o BB e a Previ

Sérgio Rosa é ex-presidente da Previ - foto Associados Previ -


terça-feira outubro 11, 2022

Me disseram que alguns colegas do BB não temem a privatização porque acreditam que são competentes o suficiente para serem aproveitados pelo novo controlador. Meus caros, não se trata da competência, e não se trata de uma dúzia ou duas de pessoas. TRATA-SE DOS DIREITOS E DO FUTURO DE MILHARES DE FUNCIONÁRIOS, APOSENTADOS E SEUS FAMILIARES.

A primeira conta que um “investidor” faz ao comprar uma empresa estatal é qual economia vai fazer com empregos, salários e benefícios. Sim, porque além da média dos salários e benefícios de uma estatal ser um pouco acima do mercado, o comprador certamente vai procurar reduzir ao máximo a estrutura e os custos da empresa adquirida. O banco comprador vai buscar as chamadas “SINERGIAS”, ou seja, identificar quais áreas da empresa comprada podem ser eliminadas, fundidas ou substituídas pelas áreas correspondentes da empresa compradora.

E como o comprador vai querer impor a sua “CULTURA”, é claro que sempre prevalecem as áreas e as principais pessoas da empresa compradora nesse processo.

Outra conta que o comprador faz é sobre os ganhos de concentração de negócios em torno dos mais lucrativos. A empresa adquirida é fatiada. Os negócios e os clientes mais lucrativos são incorporados e os demais vão sendo descartados com o tempo.

Junto com esses processos, vem obviamente a redução da estrutura, envolvendo agências e áreas de suporte, especialmente informática e serviços.

Então, meus amigos, não se trata de competência, mas de conta de investidor que quer lucrar com a compra da empresa estatal.

Cassi e Previ
Sobre Cassi e Previ, então, não precisa fazer muito esforço para raciocinar. Os benefícios e coberturas que conquistamos ao longo do tempo são melhores que os praticados no mercado. O novo comprador não vai incorporar empregados com benefícios melhores que os seus próprios colaboradores. Haverá pressão direta sobre os “custos” representados por Cassi e Previ, especialmente no que diz aos aposentados, mas não só.

E os direitos adquiridos?
Esse costuma ser um argumento de pessoas que querem acreditar que nossos direitos serão garantidos nos tribunais. É bom lembrar que se o atual presidente for reeleito terá a possibilidade de indicar novos ministros ao STF, “terrivelmente” alinhados com sua visão, e terá um Senado mais favorável a mudar leis e jurisprudências. Então, não vamos nos iludir com essa história.

Temos que decidir o futuro do BB e evitar o pior já.

Se os colegas não pensam no país e no Banco do Brasil como agente do desenvolvimento, que pensem pelo menos na garantia dos seus direitos. (Fonte: Associados Previ)