Mercado de crédito será o primeiro impactado por Open Banking, diz Sinqia

Sinqia prepara sistema para integração de instituições ao sistema do Open Banking | Foto: Divulgação


quinta-feira maio 20, 2021

Nos bastidores, os esforços para colocar de pé a infraestrutura que possibilitará o chamado Open Banking continuam a todo vapor. Bancos, financeiras, cooperativas de crédito, seguradoras, corretoras e outras diversas classes de instituições financeiras já se preparam para receber e enviar dados de clientes.

Sinqia (SQIA3), especializada em tecnologia para empresas do mercado financeiro, está pronta para surfar essa onda. A empresa anunciou uma parceria com a Sensedia, provedora de APIs, para a conexão de bancos e outras instituições ao sistema de compartilhamento de informações. O objetivo é facilitar a troca de dados entre as empresas que farão parte do sistema implementado pelo Banco Central.

“Queremos ser o grande habilitador desse novo momento do sistema financeiro, oferecendo estrutura para que as instituições possam focar somente na inovação e em novas soluções para os clientes”, disse Leonardo Monte, diretor de inovação da Sinqia, em entrevista à EXAME Invest.

A Sensedia, parceira no negócio, já atende a mais de 100 clientes do setor financeiro, entre eles os bancos Original e BMG e a processadora de pagamentos Cielo. Fabio Rosato, diretor de soluções da empresa, diz que os clientes já começam a ver o Open Banking como oportunidade, e não como obrigação regulatória.

“O desafio tecnológico é a integração. São mais de 1.000 instituições participantes, com conexões diversas entre elas. Só aí dá para imaginar a quantidade de dados e de tráfego na base”, explica.

Impacto na vida real

Embora o sistema do Open Banking represente uma grande revolução para o setor financeiro, os efeitos práticos ainda não estão claros para os consumidores. O diretor da Sinqia diz que o primeiro impacto deve ser sentido no mercado de crédito.

“Hoje as instituições têm muita dificuldade para acessar dados dos novos clientes para fazer uma boa análise de risco”, conta Monte.

Ele dá como exemplo as cooperativas de crédito agrícolas, que conhecem bem o perfil dos produtores rurais da região e que, por isso, muitas vezes têm taxas de crédito mais atrativas do que os grandes bancos.

“A partir do momento em que todas as instituições passarem a enxergar os dados e o fluxo de recursos dos clientes será possível fazer uma análise mais criteriosa. Isso, no final das contas, trará mais competição”, diz.

A experiência será replicável não só no mundo dos clientes “Pessoa Jurídica”, mas também no de “Pessoa Física”. O executivo lembra, no entanto, que tudo dependerá do consentimento do próprio cliente para que seus dados sejam compartilhados.

Para as instituições financeiras, a integração das plataformas vai permitir saber, por exemplo, para qual concorrente os usuários estão migrando.

“Com isso, os bancos conseguirão criar estratégias de retenção para evitar perder aquele cliente ou aquele grupo de clientes”, conta Rosato.

“Marketplace financeiro”

O Open Banking permitirá a criação de uma espécie de marketplace de produtos e serviços financeiros. É algo similar ao que os usuários já encontram nas varejistas digitais, como Magazine Luiza e B2W, que ofertam não só os próprios produtos, como também os de terceiros.

“Hoje, as relações dos clientes com os bancos acontecem quase exclusivamente dentro do aplicativo da própria instituição. O Open Banking vai trazer jornadas mais suaves, porque o serviço do banco vai estar disponível em canais abertos”, prevê o executivo da Sinqia.

Notícias SEEB-MURIAÉ